Acordei ontem e percebi que era um estudante de Exatas frustrado. Me peguei admirando a elegância das poucas e toscas partes da física que eu ainda consigo entender, senti a cabeça refrescada depois de ler um pouco do meu livro de cálculo de mais de 40 anos. Simplesmente não dá pra entender como as pessoas detestam tanto as ciências naturais. Uma equação ou uma questão difícil bem resolvida podem ser tão catárticas quanto a arte e causar tanta euforia quanto decepar a cabeça de um orc com sua espada vorpal.
No dia anterior eu me dei conta de que havia nascido pra desenhar. Me deu aquela vontade louca de largar tudo e arriscar a vida de desenhista. O espírito prático falou mais alto. Nem de longe me acho tão talentoso.
Hoje eu mergulho nos clássicos, fico extasiado com o edifício teórico construido por gerações de sábios em dois mil anos de história do pensamento. Tanto quanto a elegância precisa do universo, me encanta o caos equilibrado da sociedade, regida por leis tão obscuras quanto as que regem as galáxias.
A lição é que jamais serei 100% feliz, qualquer que seja a área que eu estude. Simplesmente porque um só campo do conhecimento é algo muito pequeno pra mim. Nunca vou saber tudo de Direito, Filosofia ou Física, mas eu quero saber. Eu só quero abraçar o mundo. É pedir demais? Meu único problema é que a arte é longa, mas a vida é breve. Sou imperfeição, a criatura mais marcada pela angústia, justamente por querer tudo e não poder nem entender quase nada. Minha vontade é infinita, mas meu poder e entendimento são finitos e essa é a fonte de todo sofrimento.
Porém, mais que levar ao niilismo e inércia, a aceitação de nossa pequenez deve ser combustível pra viver intensamente. Saber que jamais atingirei a completude do ser, independente de quão imensa seja a minha vontade de poder, deve ser um incentivo para sorver da vida o máximo de possibilidades que eu puder. Não poder ser tudo me faz tentar ser o que puder. Assim é a filosofia do martelo.
14 comentários:
Tempo é relativo. Eu concordo em relação aos estudos, a vida é muito curta para os livros que eu queria ler. Mas no geral, acho que a vida é longa demais(para quem vive muito, é claro). Sofrimento demais, miséria demais, medo demais e principalmente maldade demais. E não, eu não sou emo aheuioauhe Só acho que às vezes a vida é bastante desproporcional, principalmente no que se refere à justiça.
PS: Ah, e eu realmente acredito que você vai dominar o mundo!
Quando você dominar o mundo eu quero ser o Ministro da Saúde.
E se você procurar saber algo que te dê dinheiro e estudar o restante por Hobby, sem pressões e cobranças?
Mas você parece que estuda o restante por pressão e cobrança de você mesmo e não porque realmente gosta.
Pois é, existem dois tipos de problemas. Esse se encaixa no segundo grupo.
Acho que você deveria ler Santiago Ramón y Cajal, me ajudou muito com essa questão de abraçar o mundo :]
Quando você dominar o mundo eu quero receber um Mensalão!!
E eh mais ou menos o que eu sinto isso aih!! Quero fazer milhares de coisas, aprender outras tantas e tenho no máximo uns 120 anos (sendo que apenas uns 70~80 deles de vida "útil") pra fazer isso...
E qnt ao post da "Poeta Idealista", eu prefiro acreditar que a vida eh como a rapadura, e não como o travesti!
a rapadura eu entendo, doce mas não mole aheuuaie mas a do travesti eu não saquei não, Henrique. E você pode me chamar pelo nome ahuehauie
Santiago Ramón y Cajal não é doidinho que descobriu que nossa rede neural era composta por diversas células e não por uma grande teia contínua? Ele é tiops o arqui-inimigo do Camillo Golgi (sim, o Complexo/Aparelho de Golgi vem daí).
aliás, apesar de uma teoria não ter nada a ver com a outra, ou dois ganharam o Nobel.
A vida é como um travesti, tem um bônus onde você menos espera.
É isso?
Não acho que você vá dominar o mundo. Você é bonzinho.
Há a teoria de que a vida é como um travesti: Não é o que você pensa, não vai te dar o que você quer e no final vai acabar te fudendo.
...vc ja sabe se abraçar o mundo é pedir mto? Eu ainda n sei =T.
Quero conhecer tantos lugares, ter argumentos pra discutir tantas coisas e provavelmente só vou poder ter uma noção de uma pequena porcentagem disso. Juro que eu sinto falta da minha época de pré-vestibulando, eu sabia um pouco de tudo, e parecia que aquele pouco era muito, afinal, era tudo que eu precisava saber.
seu abraçador de mundo!
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