sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre meninos e lobos


É tudo questão de autoconsciência.

Chega um tempo em que não se questiona mais a lógica na vida. Um tempo em que não se olha mais pra fora buscando uma resposta. As palavras difíceis começam a parecer ridículas e as figuras sérias com seus óculos grossos e vozes empoladas lembram mais os palhaços de uma inocência perdida. A maturidade chega lenta e preguiçosa, e você olha pra si mesmo. É um tempo de ver e viver erros e de se julgar. Sem fantasias, sem adornos. Simplesmente viver.

Tempo de absoluta depuração.

Tempo que não tem tempo pra começar nem pra acabar. Dia 10 já passou há muito, depois de amanhã é quarta-feira e quinta ninguém sabe o que será. Não faz diferença, duas décadas ou oito, não importa quando é que se aprende uma lição. O importante é que se aprenda.

E o que fica mais claro após esse quinto de século é que não aprendi quase nada. Talvez pudesse me sentir mais sábio, por saber o segredo que ninguém sabe; a simples ideia da ignorância. Porém, isso não é lá coisa de se orgulhar tanto. É quase uma obrigação. Perceber a própria pequenez, olhar os próprios erros e tentar evitá-los ainda me parece algo bem razoável. Apesar de muita gente subestimar os erros, eu continuo errando sempre. Pra errar mais. Acho que não me arrependo dos meus destrambelhos, cada um tem seu valor. A menina que chorou, os 32 "eu te amo" na mesma noite, a que disse adeus sem olhar pra trás. Cada momento e pessoa, mesmo os que te deixam mal, são importantes pra determinar o caminho que se segue pra ser feliz.

Quando se chega à beira da felicidade que sempre se esperou, é que a gente percebe que não é bem o que queria que ia nos deixar feliz. Mais ainda quando tudo o que você queria chega à distância de um beijo e de repente se desfaz no ar. E mesmo assim você continua com uma inquietante alegria. Com o sorriso fácil de uma criança. Pra mim, esse ser criança foi mais que simples sorrir. Foi descobrir um mundo de coisas, foi me sentir um menino bobo e mesmo tempo algo conflitante, bem mais velho e perigoso.

Alguns me conheceram menino, a estes foi decepcionante descobrir a crueldade, a frieza e tudo o mais que espreita num canto escuro de mim, sob a forma de um lobo. Outros me viram como esse lobo. Estes se decepcionaram ainda mais. Pois acabaram por descobrir a irritante fraqueza, a imaturidade e a ingenuidade que me tornam tão pouco.

Talvez seja inevitável um certo desapontamento no fim. Todo mundo espera algo ou alguém, mas eu sou nada e é isso o que me convém.




9 comentários:

Natália disse...

vinte anos de sonhos e américa do sul, eu acho que o lobo e o menino funcionam bem juntos, nada de muito assustador nem nada de muito frágil. é tudo sobre equilibrio, no fim das contas.

Natália disse...

ah sim, é tudo sobre equilibrio, e sexo, drogas e rock'n'roll

Rábula disse...

É sempre bom nos entendermos melhor. Sou péssimo nisso!

Comentador Fiel disse...

O problema é quando se é muito mais lobo do que menino.

Ou essa seria a solução?

Eu, que acredito que só interpretamos um script do qual não podemos fugir ou improvisar, subestimo os erros. Afinal erros e acertos nada mais são do que o que deveria ser feito.

Pequeno Grande Homem disse...

é tudo sobre equilibrio, sexo e nutella!

Eu me decepciono com o lobo a cada dia, mas leva pelo lado bom, você é o cachorro da matilha =D

kkkkk

Rábula disse...

Será que esse lobo é Husky?

Pequeno Grande Homem disse...

ah sim, nuttela na buxexa =D

Unknown disse...

Eu ja dei tanto passo errado que nem to me importando mais.Como diz aquela musica do kid abelha:"Vou errando enquanto o tempo me deixar"

Pequeno Grande Homem disse...
Este comentário foi removido pelo autor.