terça-feira, 28 de abril de 2009

O melhor filme nunca será gravado

Fico vendo filmes, procurando um favorito. Tenho vontade de ter um favorito. Mas acho que nunca vou encontrar um que seja melhor que todos os outros em tudo. Nenhum é perfeito. Com as pessoas é igual.

Ninguém é perfeito. Impossível ser mais clichê. Porém, é isso que libera um pouquinho o desespero da existência; já que nenhum ser humano esgota a humanidade, nenhuma perda é irreparável, nenhum amor insubstituível e nenhuma ferida inesquecível. Ao mesmo tempo todos são, afinal a unicidade de cada pessoa a torna imediatamente especial.

Foi em uma noite há algumas semanas que eu percebi isso, a ausência de perfeição é o que torna o mundo complexo, a diversidade de personalidades e rostos é que cria a contingência que permite até o mais mal-trapilho dos romântico cicatrizar as feridas e, por fim, recomeçar.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O engano autêntico

Simulacro é vício pós-moderno. Ninguém mais se importa com a realidade. Na verdade nós a esquartejamos, pasteurizamos e vendemos na forma de enlatados da TV. A onda hoje é o Hiper-realismo. Só queremos o que é mais real que o real.

Tudo que se vê, escuta, come, lê e sente é sintetizado, recriado, melhorado. O sexo deu lugar à pornografia hollywoodiana, na música os sons eletrônicos substituem os acústicos, a imagem do blue-ray é melhor que a da vida lá fora. Até o amor vira a cópia de uma fantasia, enquanto as pessoas se inspiram em modelos de beleza que simulam algo que não existe.

Platão desdenhava da arte por considerá-la cópia imperfeita desse mundo, que é cópia imperfetia do mundo ideal. Hoje o pesadelo platônico vira cotidiano e nas nossas telas vemos um mundo admiravelmente novo, imagem do que nunca conseguimos criar.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Parabéns, quadradinho

Poucos lembram disso, mas ontem, 22 de abril, foi aniversário do descobrimento do brasil. Talvez seja uma data meio esquecida porque o o próprio descobrimento é um engodo já meio desacreditado. No dia anterior foi comemorado o aniversário de Brasília. Cidade tão nova e tão maltratada.

Meu país e minha cidade. Amo os dois.

Tenho um caso de amor incorrigível por esse lugar. Uma das poucas coisas que me deixam nervoso é ouvir alguém falando mal de Brasília. Já tem gente demais, se não gosta pode ir pra outro lugar. Tenta goiânia. E o Brasil, apesar de ter tanto problema e de o povo daqui não me parecer cidadãos exemplares, ainda é um país em que eu me orgulho de ter nascido.

Me orgulho de ser descendente de portugueses e me orgulho mais ainda em saber que até onde vai a memória viva da família, na minha ascendência direta nunca houve um casamento entre pessoas da mesma raça. Sou um vira-latas, de uma família de vira-latas, e tenho muito orgulho disso. Porque isso é o Brasil. Um lugar onde qualquer mistura louca tá valendo.

E essa cidadezinha, que todo mundo diz que não tem esquinas (embora eu veja um monte delas), essa tal de brasília, que meus avós ajudaram a construir quando isso aqui era só um cerradão a perder de vista, é o lugar que eu mais amo no mundo. Cidade nenhuma me atrai tanto quanto a minha. Em lugar nenhum eu encontrei um céu tão azul, apoiado na terra vermelha. Enquanto os outros lugares parecem prisões de concreto e fumaça, aqui eu me sinto livre.

Espero no futuro sair daqui. Pra conhecer o mundo, que é grande demais pra eu me contentar em ver tão pouco. Mas no final eu vou voltar. Pro mesmo lugar onde eu nasci, onde cresci. Onde eu passei as tardes em que o tempo esfriava e o céu ficava cinza e a grama ficava verde de dar gosto. Voltar pra minha cidade.

domingo, 19 de abril de 2009

Sexo verbal não faz meu estilo

Palavras são sons sem significado, que a gente reveste de sentimentos. Por si mesmas, elas não significam nada. Então, podem me chamar de oldschool, mas pra mim a verdade está nos atos e não nas palavras de uma pessoa.

Não importa quão bonita seja a fala, quão doces sejam os versos, a sinceridade mora na ação. Claro, ainda não me tornei cínico o suficiente pra acreditar que discursos os discursos cheios de emoção sejam vazios de significado. Apenas tento ouvir o que lá no fundo ela diz com suas ações.

Ainda não cheguei ao ponto de revelar tudo que eu quero através do que eu faço, mas ao menos já comecei com uma coisa. Antes de falar eu penso: "é isso mesmo que eu quero e devo dizer?"

Em geral, fico calado.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um bom jeito de morrer

Nunca tive medo da morte. Não sei bem porque, mas nunca achei a irmã do sonho uma grande preocupação. Mais do que nela em si, penso que alguns tipos de morte devem ser mais interessantes.

Por exemplo, um bom jeito pra esticar as canelas? Uma explosão nuclear. Não imagino nada tão belo e mortal quanto um cogumelo nuclear. É apavorante imaginar que a humanidade chegou ao ponto de criar bombas capazes de queimar a atmosfera e destruir o planeta todo. Só a ideia de ter capacidade de destruir uma cidade inteira com uma unica bomba já é assustadoramente fascinante. Claro que uma morte nesse caso só vale a dramaticidade se você for vaporizado na explosão, virando nada mais que uma mancha escura na parede atrás. Se ela ficar de pé. Ou se você estiver olhando na direção certa, assim sua última visão será a da luz mais intensa que o homem já criou.

Or how I learned to stop worrying.

Menos pirotécnicas mas talvez mais dramáticas são as mortes heróicas. Delas são feitos os épicos, é com elas que se alimenta a mitologia. E assim que, como escreveu Vargas, se sai da vida pra entrar na história. Não são poucos os povos que reservam a vida eterna para os que morrer heroicamente, lutando, sofrendo. Morte dolorosa, coisa pra cabra macho!

Heróis ganham estátuas. Covardes passeiam com os netos.

Porém, não importa o que se diga a jeito mais punk rock de bater as botas é em um choque de galáxias! Bang, você, seu vizinho, seu cachorro e toda a existência na Terra viram poeira cósmica num piscar de olhos. Imagina chegar no porta do céu e dizer: "Ah eu? Morri em um choque entre galáxias. Eu e esse pessoal todo aqui." Tenso! Em um choque desses, estrelas são criadas, enquanto outras são destruídas, mas nós coitados, somos frágeis demais pra tanta badalação.

Uma batida que seu seguro não vai cobrir.

Bom, claro que não imagino nenhum ser humano presenciando tal espetáculo, afinal ainda vai levar uns 5 bilhões de anos até a nossa galáxia esbarrar com a galáxia de andrômeda, que vem galopando em nossa direção como um centauro bêbado. Bem antes disso o sol vai se expandir e queimar toda a superfície da Terra. UFA!

domingo, 12 de abril de 2009

Alceu & a solidão

Chega a ser assustador o quão bom é estar sozinho. Bem, precisa saber aproveitar. Mas é um ótima chance de se fazer algo que você ache super divertido, sem se preocupar com mais nada.

Como dizia um sábio amigo meu, que chamarei aqui pelo codinome de... Alceu Borba, "Antes de se divertir com alguém, você precisa aprender a se divertir consigo mesmo". Apesar da possível aplicação ao campo sexual, que me fez zombar do pobre Alceu durante muito tempo, é algo muito verdadeiro, considerando que só há uma pessoa que necessariamente vai estar por perto durante toda sua vida: você próprio.

Só faltou viajar

O bom desse feriado foi ter ficado sozinho. Não sei nem porque, mas é muito bom estar completamente só em um lugar silencioso como esse. Melhor ainda quando tem pessoas em volta pra passar algumas horas ouvindo música, olhando fotos antigas ou só batendo papo à toa. Realmente, bom demais é estar sozinho sem ser solitário!

domingo, 5 de abril de 2009

Naive

Por que será que todos somos tão cruéis? Será que o homem é uma tábula rasa onde a sociedade mais tarde escreve um palavrão qualquer? Um pouco assustador isso, principalmente quando eu penso que a sociedade é produto da condição humana.

Eu sempre fiquei imaginando o que acontecia em algum momento da vida, que fazia com que nos tornássemos adultos cínicos, falsos, chatos e amargurados. Talvez não aconteça nada. Talvez já sejamos todos assim. Provavelmente eu é que sou ingênuo e tolo demais pra perceber.

Não, acho que não é isso. Sozinhos, em geral, somos legais. O problema é quando junta um monte de pessoas e começa a decidir o que é normal, quem é legal e quem vai ficar sozinho na hora do almoço.
Me dá um tristeza danada, assim de apertar o coração, quando eu vejo alguém que eu considero extraordinário ser esmagado pela crueldade inerente a todos nós. Não faz sentido pra mim essa necessidade que a sociedade tem de destruir tudo de interessante que surge no meio dela. E alguma coisa, sociedade, biologia ou sei lá o que, faz a gente aceitar isso como normal.

Talvez eu seja ingênuo e tolo demais, mas não ligo se todos, inclusive você, disseram que você era nada. Você pode ser importante pra mim. Não ligo se dizem que o bonzinho só se ferra. nem me importa se me dizem que pra conseguir as coisas é preciso nascer com sorte. De qualquer jeito vou vivendo assim meio perdido, sempre aprendendo, sempre errando. Sabe, coisa de moleque mesmo.