quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

As memórias nunca vividas de um velho


Ontem um episódio dos simpsons mudou minha forma de encarar a vida. Não que isso seja incomum, minha filosofia máxima eu tirei de Garfield & friends.

O que me fez levantar ontem de madrugada foi lembrar do que um velhinho disse no episódio: "Me deixa que agora eu vou sentar aqui e lembrar das mulheres com quem eu podia ter falado e não falei". Foi um daqueles episódios filosóficos, sabe.

O tempo, pra quem não sabe ou não percebeu, é minha obsessão. Eu sinto o valor de cada segundo, que na verdade vale tanto, tanto que não tem jeito de conseguir de volta. Só porque eles passam por nós o tempo todo, agente esquece como eles são importantes. Somos assim mesmo, esquecemos que milagres que acontecem o tempo todo nem por isso deixam de ser... bem, milagres.
E ontem quando eu me deitei eu senti os segundos passando por mim arrastados, como lâminas que cortavam devagar. Eu fiquei pensando em algo que eu queria ter feito. Que eu queria dizer.

Ah quer saber, dane-se. Simplesmente não vou sentar e lembrar das coisas que eu nunca disse.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Esqueci o que eu tô esperando

Paciência é uma coisa que eu aprendi na marra. Desde sempre eu tenho a impressão de que nada pra mim dá certo com facilidade. Em tudo que eu faço acontece alguma coisa que dá errado e eu preciso esperar pra consertar. Falo sério, é tipo uma regra, nada funciona de primeira. Se eu compro um jogo pro PC, por algum motivo ele não roda, quando compro um pc, tenho que esperar um mês a mais porque ele precisa ser reconfigurado, quando compro um maldito xbox 360 ele dá 3rl. São alguns exemplos.

De tanto isso acontecer comigo, fui me acostumando a não esperar que as coisas dêem certo de cara. A não ficar ansioso com prazos indefinidos... me acostumei a esquecer.

Sabendo dessa... tendência ao caos, eu também tento evitar expectativas. Quando sei que algo muito bom está prestes a acontecer, eu seguro o sorriso que insiste em querer aparecer. Guardo bem escondid a vontade de comemorar e esqueço a alegria, transformando a esperança em um segredo que guardo de mim mesmo.

Esquecer é algo em que sou bom quando quero, afinal treinei um bocado. Às vezes até esqueço que te esqueci. Já fiz tanto que agora até me divirto tangendo da memória as pessoas que eu gosto, só pra ter o prazer de relembrar delas.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Quem um dia irá dizer


Quando vejo nomes de casais gravados em árvores, fico imaginando se eles estão juntos até hoje, se o amor durou tanto tempo quanto aquelas letras.

Ao postar, há alguns meses, o vídeo da música "Léo e Bia", ia aproveitar pra dizer que apesar das palavras bonitas, 25 anos depois o amor brasiliense virou rotina e os dois se separaram. Ia fazer alguma reflexão chata sobre isso. Nem fiz, a música é legal e isso que importa.


Outra famosa história de amor que se passa por essas paragens é a de Eduardo e Mônica. Tão famosa que até ganhou uma praça. Interessante ver quanta gente decidiu gravar seus nomes em corações ao lado da partitura dessa música. Junto desse amor tão improvável quanto conhecido agora estão registrados vários outros amores anônimos. Qual será a história deles?

E lá no parque da cidade foi acabando meu verão. Cheio de sonhos e de um tempo que não passava. Mais um verão pra se sentir saudade.

Frase do dia:

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nota #15 - Ou carpe diem

Um dos fundamentos do bushido, o código de honra seguido pelos samurais do Japão feudal era que o guerreiro deve estar sempre consciente da fragilidade de sua própria vida. Tendo sempre em mente que a morte poderia encontrá-lo a qualquer instante, o samurai concentrava-se ao máximo em cumprir sua tarefa com perfeição.

Essa ideiazinha de viver cada dia como se fosse o último não poderia ser mais clichê. Mas como todo bom clichê, nasce da obviedade. Aproveitar cada momento como se fosse o último revela um mundo completamente novo, muito mais interessante. Pensando dessa forma, ficamos ligados em prestar atenção nas sensações que em geral passam despercebidas.


Para ouvir a harmonia de uma música se concentre como se estivesse na iminência da surdez, olhe bem o pôr-do-sol, como se ele não fosse mais nascer. Sinta os lábios de quem te beija como se fosse o último beijo.
Aliás, que cada beijo seja como se fosse o primeiro e o último.


*Agradeço ao mais fiel dos comentadores por ter me dado algo em que pensar.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Wu wei, a Não-ação

“O Tao é uma constante não-ação
Que nada deixa por realizar.”
Capítulo 37 – Tao Te Ching


Ação é fazer, não-ação é não ter intenção de fazer.
A vida segue um fluxo contínuo, asim como um rio. Da mesma forma que nos cansamos se nadarmos contra a correnteza de um rio, lutar contra o fluxo da vida apenas nos levará à exaustão. A filosofia chinesa do taoísmo ensina que é preciso deixar que a vida flua por você, caso contrário você estará desperdiçando energia inutilmente.

Na verdade essa idéia é bastante semelhante a tese dos estóicos gregos, que faziam a analogia entre as vidas humanas e cães amarrados a uma carroça que não para: É melhor seguir calmamente o caminho do que lutar, pois você será arrastado de qualquer forma. Alguns séculos mais tarde Santo Agostinho pedia em suas orações "serenidade para aceitar o que não pode ser mudado".
Essas posições aparentemente trazem consigo um quê de conformismo, de aceitação covarde do que é posto. Mas a citação do Tao Te Ching, que está lá em cima, pode mostrar um caminho diferente para entender essa impassividade diante da vida.

A não-ação de que fala o trecho é diferente de não fazer nada. Ação é fazer algo, Não-ação é não ter intenção de fazer. Agir com naturalidade, mantendo o coração vazio de interesses, de engenhos ou especulações. Só quando deixamos de pensar no que deve ser feito, sabemos enfim o que deve ser feito, quando não planejamos agir de maneira determinada estamos livres para agir desta maneira. É fácil ver isso, se alguem te diz que você age de tal forma, será mais difícil continuar agindo assim, pois você passará a medir suas atitudes em busca de um padrão que deveria ser natural. Não-ação é, portanto, ser natural.

Just shake it up, baby

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

I wanna do bad things with you

Na sua fundamentação da metafísica dos costumes, Kant apresenta a afirmação, aparentemente circular, de que somos livres quando criamos nossas próprias leis morais. E criamos leis morais quando somos livres. Nas palavras do filósofo, a vontade é a lei de si mesma.

Perdão estar sendo repetitivo, é que tenho lido muitas críticas e fundamentações hahah, e Kant tem me parecido cada vez maior. Quase todo mundo acha que ele foi só um velho ranzinza, que vivia só pelo dever e escrevia de maneira obscura para satisfazer a própria rigorosidade. Porém o que tenho visto é uma pessoa que tinha verdadeiro interesse em defender a felicidade alheia, que era capaz de sacrificar tudo em que acreditava em busca da verdade. Ele era muito mais versátil e anti-dogmático do que se pensa à primeira vista, sua capacidade de pôr em xeque tudo o que fosse dogma infundado o levou até mesmo a refutar Deus, matando-o em sua Crítica à razão pura, não obstante sua criação religiosa e apego à espiritualidade cristã. Mais tarde, na Crítica à razão prática, Kant redime a crença na Divindade dando-lhe uma base moral. Como diz sua biografia, o filósofo mata o Deus em seu espírito para mais tarde reencontrá-lo em seu coração.

Kant sabia que não somos anjos nem demônios. Ninguém faz só coisas certas, e nem só coisas erradas. Aliás, certo e errado não têm um conteúdo per si, são conceitos que nós precisamos definir pela nossa autonomia. Toda tentativa de impor a alguém uma definição para esses conceitos é algo criminoso. Particularmente, acho que errado é afrontar os princípios que eu escolhi, de resto, não sinto obrigação de fazer o que os outros acham que é melhor. citando Voltaire, faça o que deve ser feito, e deixe os outros discutirem se é certo e errado. Eu não pretendo nunca trair a mim mesmo e deixar de lado o que eu acredito, mas quem disse que pra isso eu tenho que ser sempre bonzinho?


Um lobo ético, um homem amoral

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Coisas que eu sei. Ou não.


Musiquinha pra ficar feliz

Tem um monte de coisas que eu não sei. Não sei dançar, não sei jogar bola, não sei fazer café. Não sei dizer quando gostam ou não de mim, não sei o nome de todas as estrelas, nem a história da terra. Não sei quem sou eu ou onde estou. Não sei se amanhã vou ser exatamente o mesmo que sou hoje. Não sei se Deus joga dados com o universo ou não.

Mas acho que sei o suficiente pra aproveitar esses dias. Sei que eu sou meio egoísta, sei que eu tenho um bocado de falhas, sei que orgulho não me cai bem, sei que sou exagerado, e que sou só um garoto. Sei que tenho muito a aprender. Sei que pra mim, você é tudo o que quero. Sei que o futuro é incerto, mas não ligo.

Sei que bons tempos virão, enfim.