sábado, 27 de setembro de 2008

Teoria Quântica dos Relacionamentos

A Teoria Quântica dos Relacionamentos rejeita qualquer lógica linear em um relacionamento amoroso. Assumimos que todos os momentos antes, durante e depois de um namoro podem ser quantizados em pacotes com valores lógicos de dar/não-dar prazer, sendo que o sucesso ou fracasso de um namoro é fundamentalmente um cálculo probabilístico da concentração desses pacotes que uma pessoa pode oferecer.
Minha teoria dos relacionamentos baseia-se em três hipóteses:

1. Ser um loser ou um Life-ruler é mera questão de auto-percepção.
2. Qualquer homem pode atrair qualquer mulher, e qualquer mulher pode atrair qualquer homem
3. Qualquer relacionamento tem motivação egoísta à priori .
4. Não é possível determinar a posição e o momentum de um nerd simultaneamente.

(A quarta hipótese não é basal para a teoria, nem será discutida aqui)

Por que assumir essas hipóteses como verdadeiras?

Todas são obtidas pela mais simples, porém rigorosa, observação. (1) e (2) estão intimamente ligadas e são facilmente verificáveis. Para (2), basta notar a quantidade considerável de casais absolutamente improváveis que estão juntos e felizes. (1) é a condição necessária de (2), pois é o que permite que o sujeito mais bizarro possa se relacionar com outro indivíduo de sexo oposto. (3) é dedutível pela própria natureza humana, em sua busca inconsequente por prazer e fuga da dor.

Em que elas implicam?

I. Desenvolvendo (1), temos que não existem Life-rulers ou losers como naturezas inatas, ou mesmo como resultado da combinação de fatores da personalidade. Life-rulers são Life-rulers porque eles se acham Life-rulers e consequentemente agem como tal. O mesmo vale para losers.
Qual a grande diferença entre um life-ruler e um loser? É que o segundo tem medo. Ele tem medo de levar um fora, de não agradar alguém que acabou de conhecer, de virar piada. O loser é um medroso porque se acha um loser. Ele fica sentado no canto da festa porque acredita que, por ser loser, vai levar um "não" da garota que ele quer chamar pra dançar. Obviamente, o pensamento deste loser desconsidera que o resultado de não chamá-la é igual ao de levar um fora: Ficar triste e sozinho.

Esse medo é ainda mais crítico para os garotos, levando em consideração o papel de "caçador" que a natureza e a sociedade nos deram. Não vou entrar agora na Teoria especial da masculinidade, mas é importante destacar que pela minha teoria é muito importante que o homem seja seguro de si. Nisso, mulheres são como os Bullies: sentem o cheiro do medo. Então ser um Life-Ruler, pela TQR, pode ser simbolizado tanto por partir pra cima do grandalhão que rouba seu lanche quanto tomar a iniciativa de chamar aquela menininha ruiva, de quem você gosta, pra sair. É o bastante conhecido Efeito Blitzkreig, a chance de um resultado positivo é inversamente proporcional ao tempo que você leva para atacar e que o alvo tem para pensar.

E loser é o cara que assistiu comédias românticas demais.

II. A hipótese (2) é provavelmente a mais difícil de engolir, porém é a mais fácil de verificar. Existem duas situações que fazem uma pessoa 'X' ser atraida por uma pessoa 'Y':

a) A pessoa X corresponde ao que Y procura;
b) A pessoa X atrai Y por motivos completamente misteriosos e irracionais (amor?)

Essa sistemática já foi anteriormente apresentada aqui. Porém é necessário adicionar que a) é bem mais flexível do que parece. Qualquer pessoa corresponde ao que qualquer outra procura, só que na maioria das vezes as características que Y procura não estão em X na proporção "suficiente". Para chamar a atenção de Y, X pode, teoricamente, procurar mostrar que tem qualidades desejáveis que compensam as que ele não tem. É o já estudado Paradigma do mando de campo. Segundo ele, se você levar o "jogo" para um campo conhecido, onde você tem a vantagem, suas chances aumentarão sensivelmente.

É daí que saem frases como: "Ele não é muuuito bonito, mas é legal e engraçado!" ou "Ela não é muito inteligente, mas é linda!".
Vejam que essa hipótese está intimamente ligada com a hipótese (1), porque para colocá-la em prática, o pesquisador precisa assumir que tem alguma qualidade que pode ser potencializada de maneira a torná-lo notável.

Mas porque é necessário agradar a outra pessoa? Porque é preciso se apresentar como alguém desejável?

Por causa da hipótese (3).

III. Todo relacionamento é egoísta. Isso significa que a razão mais primordial de um relacionamento e satisfazer a si mesmo. Isso vale para TODOS. Quando você vai atrás de alguém é porque acha que aquela pessoa te fará bem. Mesmo que você pratique total desprendimento, se sacrifique por ela, coloque-a como centro do seu mundo, no fim das contas você fará tudo isso para ter ao seu lado alguém que você acredita ser o melhor.

Mais uma vez isso é difícil de aceitar, afinal é comum ver pessoas se submetendo à outras que não dão nada em troca. Mas isso explica-se pelo fato de que nem sempre o que se espera, inconscientemente, é amor e carinho. Muitas vezes, e no caso isso é mais comum com as mulheres, o que te atrai é o status, por exemplo, que aquela pessoa pode te trazer. Não me entendam mal nesse ponto. Não disse que garotas são interesseiras. Isso é simplesmente parte da natureza humana, serve perfeitamente para homens também.

Considerações especiais da TQR

Paradoxo do Amigay: O amigay é alguém que recebe grande estima, que é visto como um apoio para qualquer momento difícil e que parece te entender profundamente. Porém ele não é seriamente cogitado para um namoro por algum motivo que não cabe na lógica masculina. Particularmente, suspeito que talvez haja um erro cronológico em nossas análises. Talvez o amigay seja escolhido como amigay justamente por não ser cogitado para namoro.

Paradoxo da ilusão de liberdade: Qualquer força externa que atue sobre um relacionamento em desenvolvimento tem grandes chances de alterar os resultados significativamente. Essa força deve vir sob a forma de vários amigos(as) encorajando ou desestimulando o relacionamento. A pessoa provavelmente fará o oposto do que os indivíduos a sua volta lhe aconselham. Fará isso como forma de afirmar interiormente sua liberdade. O mesmo vale para casos em que o outro pólo do relacionamento apresenta-se como escolha única, completa e indiscutível. Ela será sumariamente descartada, isso ocorre porque todo ser humano sente a necessidade de afirmar todas as suas escolhas como sendo livres e independentes. O que não é, de modo algum, ruim em todas as situações. É simplesmente o que acontece quando Deus joga seus dados. (;P)

Princípio da incerteza: Esse princípio é completamente independente da teoria em si e foi formulado (ou melhor, expresso) pelo Dr. Sheldon Cooper, embora este humilde teórico já venha guiando seus estudos por ele a um bom tempo. Segundo esse princípio, todo relacionamento que tenha carga razoável de sentimento deve ser tentado, mesmo verificando-se a ocorrência de um alto número de fatores que possam torná-lo inviável. Isso se justifica pelo mesmo motivo que aquele nerd tem que convidar a ruivinha pra sair. Um resultado positivo trará recompensas muito mais significativas que os prejuízos advindos de um resultado negativo (que terão pouca diferença do resultado de não-agir).

Conclusão

Nossa teoria implica que qualquer mudança de atitude no sentido de gostar automaticamente de quem gosta de você seria completamente inviável [pela hipótese (3)] e inefetiva, já que eventualmente surgiriam indeterminações.

Devo lembrar que este documento insere-se completamente no campo da Física teórica do amor. Portanto é possível que nada do que foi defendido seja experimentável no mundo real. Ou não. Tendo isso em mente, lanço a última consideração:
Corolário de Bo, the sheep: Quanto menos tempo você gastar se preocupando com relacionamentos, mais tempo vai ter para conseguir algum!

Frase do dia: "Toda sentença que eu digo deve ser entendida não como uma afirmação, mas como um pergunta." - Niels Bohr

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Peanuts 1985 - #270

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

vertigem de bondade

"Ela continuou sem força nos seus braços. Hoje de tarde alguma coisa tranqüila se rebentara, e na casa toda havia um tom humorístico, triste. É hora de dormir, disse ele, é tarde. Num gesto que não era seu, mas que pareceu natural, segurou a mão da mulher, levando-a consigo sem olhar para trás, afastando-a do perigo de viver.

Acabara-se a vertigem de bondade.

E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia."

Afastando-a do perigo de viver!
Esse é um trecho de um ótimo conto de Clarice Lispector (Amor), que fala sobre como nos protegemos da realidade, nos fechando em nossas vidinhas rotineiras e confortáveis. É de fato muito difícil e doloroso sair dessa nossa letargia e começar a sentir algo. É bem mais fácil viver sem ter que se importar com sentimentos. Viver é fácil de olhos fechados.

Esse post já estava na minha lista de rascunhos há uns seis meses. Mas faltava algo nele pra poder postar.
Daí ontem eu assisti, finalmente, ao filme "Equilibrium". Com referências explícitas à 1984, a película apresenta uma sociedade que se droga para não sentir. Assim, bem parecida com a nossa. Não temos Prozium II, mas consigo pensar em um monte de coisas que usamos para substituí-lo.

Tomar a iniciativa, no filme, de abandonar os dogmas sociais e pôr de lado sua dose pontual de Prozium II era um ato de extrema coragem e loucura. É preciso ter coragem para sair da prisão em que nós mesmos nos colocamos, pra fugir desse medo de amar. Essa coragem, quase platônica, me parece praticamente inalcançável... Ao mesmo tempo, isso é loucura; acordar em um meio estéril, metódico, minimalista, opressor e irritantemente descolorido, é como pedir para surtar! Não havia escolha, no filme, além de fazer parte daquela sociedade sem sentimentos ou se tornar um pária dissidente. Sentir, em uma terra de insensíveis é uma tortura. Só posso imaginar a angústia de ver tudo tão igual, tudo tão apático, na pacífica cidade de Líbria.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sinta só


Esse é um dos meus quadros favoritos; "O beijo", de Gustav Klimt. Não é exatamente uma graaande obra de arte, não chama atenção pela qualidade técnica do artista, e não mostra preciosismo algum. O que me agrada nele é a aparente simplicidade, sem a frieza minimalista. Ele é quase monocromático, mas é um dourado vibrante, e o detalhes existem, mas se confundem com o todo. Um dia desses aí eu vi um texto de um crítico interpretando o quadro. Segundo ele, a obra supostamente retrata o momento em que uma mulher submissa entrega-se ao amante na beira de um precipício. Especula-se, porém que a mulher resiste às investidas do homem, o que se vê no rosto que evita os lábios masculinos e na posição das mãos. Bom, foi o que o cara disse. Ele pode ser mera representação da sexualidade violenta do homem, como pode ser uma metáfora para como as paixões nos conduzem ao abismo.

Enfim, de qualquer forma eu gosto desse quadro porque não precisa pensar muito pra gostar dele. Ele me parece espontâneo, um simples e amoroso beijo. Sem grandes pretensões, até o tema do quadro me parece simples. Um beijo no campo. E críticos de arte são bobões.
A mulher é delicada, ela se entrega, mas também age. O homem parece seguro e passa confiança à sua amante. Ambos incorporam uma essência da paixão, de certa forma. É como se fosse um momento ideal.

Cara, que post gay.

domingo, 14 de setembro de 2008

Se liga que é hora da revisão.

Acreditar no quê?
A construção do conhecimento sempre foi um tópico chave na história do pensamento humano. Um afresco que eu acho uma das obras de arte mais interessantes, ilutra de maneira fenomenal as idéias de platão e aristóteles. Em "Academia de Atenas" os dois filósofos são representados de maneira a indicar onde está a Verdade. Platão aponta para o céu, em referência ao mundo das idéias, e aristóteles aponta a Terra, o mundo à sua volta.

Platão: "The truth is outside!"
Aristóteles: "The truth is inside, bitch!"

O modo de pensar o conhecimento desses dois representa, de certa forma, todas as correntes de estudo epistemológico daí pra frente. Pelo menos até Kant tentar unificar racionalismo e empirismo. Platão, resgatado por Santo Agostinho no fim da antiguidade clássica ajudou a fortalecer a Fé como ferramenta para conhecer o mundo através da iluminação. Não sei se é extrapolar, mas vejo uma forte ligação entre o papel da intervenção divina na mente do teólogo com o da razão dentro da filosofia de Descartes. Ambas são vistas como o único veículo para se chegar à Verdade. Alguns séculos depois, Tomás de Aquino retoma a episteme platônica. Ele defende que a Verdade pode ser apreendida pela observação do mundo natural, formando um saber sensível e contemplativo. E qual o resultado disso? Fogueira para os cientistas!

Sou adepto da idéia de que a idade média é culpa de Aristoteles. Baseado nele o pensamento medieval foi avesso à conjecturas e hipóteses que de algum modo contestassem a suposta verdade que era apreendida pelos sentidos. Mas mostrar pelos sentidos, no mundo real, alguma coisa nova também era desencorajado (muito bem desencorajado). Os carinhas da idade média tinham esse defeito que muitos alunos de Universidade hoje têm: Acreditam em qualquer coisa, desde que seja dita por alguém de autoridade.

Muita coisa rolou de lá pra cá (coisas que eu não estudei ainda...), mas adquirir conhecimento confiável ainda é um problema. Até piorou com o volume imenso de informação disponível. Acreditar no quê? O puro pensamento pode se enganar, os sentidos podem (e frequentemente o fazem) nos enganar. A memória é cheia de buracos e falhas, não dá sequer pra confiar no que recordamos saber. Autoridades erram, muitas vezes aliás.
Então, como faz?


F
rase do dia: "Não acrediteis numa coisa, apenas por ouvir dizer. Não acrediteis na fé das tradições, só porque foram transmitidas por longas gerações. Não acrediteis numa coisa só porque é dita e repetida por muita gente. Não acrediteis numa coisa só pelo testemunho de um sábio antigo. Não acrediteis numa coisa só porque as probabilidades a favorecem ou porque um longo hábito vos leva a te-la por verdadeira. Não acrediteis no que imaginastes, pensando que um ser superior a revelou. Não acrediteis em coisa alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores. Mas, aquilo que vós mesmos experimentastes, provastes e reconhecestes verdadeiro, aquilo que corresponde ao vosso bem e ao bem dos outros. Isso deveis aceitar, e por isso moldar a vossa conduta." - Buda

sábado, 13 de setembro de 2008

E as coisas estranhas que já me falaram

John está ausente e pode não responder.
Não ando muito propenso a escrever aqui esses dias, por isso aproveitei o post de um nerd aí pra fazer um meme na nossa microrede de blogs.
Bom, então é minha vez de relembrar algumas frases que me pareceram notáveis:

"Tio, você é um lobisomem?"
Criança genérica #1

"Não, ele é o wolverine!"
Criança genérica #2

"Mulher não morde, a menos que você peça!"
Alguém da Ilha

"John é um poço de espontaneidade"
Eric, uma frase que eu nunca esperaria ouvir sem ironia.

"Ele é um homem, você é só um garoto"
Diana

"Tem alguma coisa que você não saiba?"
Cocota do prevest, que não recebeu a resposta que devia.

"Queria gostar de você, mas não consigo."
Todas as garotas de quem eu gostei.

"Hoje você não está com aquela nuvem negra de sempre sobre a cabeça!"
Lilía

"John, você nunca sorri!"
Sanchez

"Ele está mais bonito agora que é monitor"
Garota desconhecida, mostrando todo o desprendimento das mulheres

"Ah, então você também é emocionalmente carente?"
Cocota de comunicação, ao saber meu signo.

"Não, me pega!"
Diana me deixando confuso

"Você tem cílios grandes, estou com inveja!"
Ai-chan, mandando o comentário mais descontextualizado que eu já ouvi.

"No japão você paga o táxi com cartão de crédito. Aí o motorista aperta um botão e ele vira um mecha!"
Tatsuya kumakiri

"Ela é muito depressiva. Vai lá que você pega fácil!"
Comentador fiel, um cara que sabe animar os outros.

"Hum, que costelas!"
Essa não foi comigo, mas foi memorável!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sorvete de coco e abacaxi, com calda de kiwi

Essa galerë super animada, vivendo confusões que até Deus duvida. Eles vão se meter em grandes aventuras, combater inimigos mortais e viver lindos romances juvenis...
A Ilha!
Em breve, num cinema perto de você.

Ah não tem como não rir com esse pessoal.
Eric, meu sensei cachorrão. Brigou com uma vampira antes de ir pro clube HAuahua
Marcel, magrinho, com seus sintomas de TOC.
Ramon... arrozando a menina como sempre! (e levando uma surra no SoulCalibur)
Breno, que nunca está lá, mas sempre é lembrado!

Isso ai, não deixem a Ilha morrer.
Divertido demais comer aquela bomba (apesar das condições de higiene e do péssimo atendimento), jogar rock band e soulcalibur. Da próxima vez será Mario Party hein! Na casa do Breno!

Quando vai ser aquele lual mesmo?

*Sim, esse post foi bem estilo "piada interna". Tô até rindo por dentro.

Creep



Creep

Radiohead

When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You're so fucking special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

I don't care if it hurts
I want to have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so fucking special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

She's running out again
She's running out
She run, run, run, run
Run.

Whatever makes you happy
Whatever you want
You're so fucking special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong here.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Na minha cabeça



Don't panic.

O relógio na parede parece estar congelado. Cada segundo dura uma hora. A professora fala, fala, fala... do que ela está falando mesmo? Nem sei. Eu estava sentado, meio deitado na cadeira, tentando manter os olhos abertos enquanto nos meus ouvidos a música tocava. Mas só eu ouvia. Eu queria muito ir embora. Daquela sala, daquela escola, daquela cidade.

Então uma buzina tocou lá fora. Eu nem ouvi, mas sei que tocou porque todos - inclusive a professora, que parou de falar - olharam para a janela.

Ela apareceu montada em uma moto. Estava segurando o capacete nas mãos mas ainda usava aqueles óculos antigos que parecem de natação. Tudo nela era diferente do resto da escola. Ao invés do uniforme recatado das alunas, uma jaqueta de couro grande demais. No lugar do rabo-de-cavalo comprido e bem comportado das outras garotas, um cabelo azul, cheio de pontas confusas. E pela cara que ela fez uma vez quando perguntei, tenho certeza que ela tem uma tatuagem. Só não sei onde.

Quando olhei pela janela ela acenou, encostada como estava na lambreta amarela. Me virei para a professora (que estava mudando em diversos tons de púrpura) e sem pensar de novo, tirei a gravata e pulei a janela. Subi na moto e sem dizer nada ela arrancou. Pra onde vamos? _ perguntei. Ela apenas olhou pra trás e sorriu. Corremos mais rápido que o vento e ela acelerou até que o mundo virasse um borrão e só existíssemos eu e ela.

A lua crescente laranja sorria no céu azul claro, guiando nós dois por uma estrada sem fim. Até que chegamos em um lugar perdido, um jardim de pés-de-tangerina onde ninguém ia nos achar. Lá nós descemos da moto e encontramos um velho monge careca que nos sorriu. Ele se levantou e disse coisas que não entendi. Então ela me estendeu o dedo e eu amarrei uma fita colorida nele. E foi lá que sob as benção de um velhinho de bigodes, nos casamos.

Debaixo de um figueira nos beijamos e, abraçados, vimos mil estrelas cadentes riscarem o céu, mas não fiz nenhum pedido, porque tinha tudo que queria. Só fiquei ali, abraçado com ela. Continuava ouvindo uma múscia mas ela também ouvia agora. O chão sumiu e tudo a nossa volta desapareceu. Estavamos flutuando em um espaço cheio de cores mutantes e um coral de tordos tocava rock'n'roll. Eu olhei no fundo dos seus olhos e vi as estrelas refletidas lá. Mas tudo foi ficando claro e eu acordei.

Continuava na sala. A professora continuava falando. Olhei pra fora, não havia ninguém lá. Mas até que foi divertido. Ela sorriu pra mim e nos casamos em minha cabeça. Foi melhor que escutar a professora falando.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Velhos desenhos

Na época de eu-menino, a televisão era bem melhor! Nada de efeitos especiais, ou essas coisas chics e empoladas. Era tudo do mau-feito, cheio de padrões e com animações instavéis. Mas ainda assim, era melhor =D

Muppet Babies



Eu me amarrava no rolf, o cachorro pianista. E até hoje imagino como é a babá, deve ser gatinha xP

Thundercats



Desenho mais mal feito! Mas foi um dos melhores que eu vi.

Get along gang (nossa turma)



Cara, esse marcou muito minha infância, mas eu nem lembrava do nome. Ô desenhinho piegas, mas eu não perdia nem um dia. Era fã daquele cachorro ou sei-lá-o-quê esportista.

Punky, a levada da breca


Olha essa música de abertura. Tem como ser mais "oitentista"? Nem duvido que seja a Cindy Lauper cantando!
Sinceramente eu preferia a série. Lembro do episódio em que o moleque loirinho, que eu esqueci o nome, ia pra escola fantasiado de Rambo, com músculos falsos. Fantárdido!

Cavalo de fogo



Outro desenho ridículo que eu não perdia. Eu sei que é de menina, mas não venham com essa, vocês também assistiam! Detalhe que a expressão do Cavalo de Fogo não muda Hauah. esses americanos sabem mesmo fazer uma animação.

Jaspion



HAuahauhauhauh Tokusatsu! Eu rio! Muito!

Caverna do Dragão



Esse desenho é massa, não dá pra contestar. Um verdadeiro clássico. Lembro que a globo ameaçava passar o último episódio e eu ficava com medo de não estar em casa e perder.

O fantástico mundo de Bob



Esse garotinho anatomicamente impossível é um dos personagens mais sensacionais ever! Ria muito do fanatismo da mãe dele por Elvis, do pai dele e o chapéu de elefante, o tio... Cara esse foi um desenho divertido!

Doug



Outro desenho emblemático. Era uma história simples, despretensiosa. Sem muita ação nem muito apelo visual. Era só a vida normal de um garoto meio tímido, apaixonado pela bela Patty maionese. Fã dos beats, novo na escola, amigo do Skeeter. Doug era demais!
Até tive um cachorro chamado costelinha.

Resumindo, minha infância foi muito sem noção.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Rasputina

Quem aqui conhece a banda "Rasputina"?
É uma banda nova-iorquina muito boa, com duas mulheres em vestidos vitorianos, vocais primorosos e que faz uma combinação fantástica de bateria e violoncelos.
Fica ai o vídeo.



Every time that I hear a woman cry 'cos her man has left her flat
I just feel like saying, "don't be such a fool, you fool."
Better dry your eyes, can't you realize
You gain nothing by that
Well, that's no way to keep his heart warm, baby,
When his love grows cool

What's the use in sighing?
What's the use in crying?
If he's wandered off the track
'Cos if your kisses won't hold the man you love
Then your tears won't bring him back, no

You might as well be cheerful
There's no use being tearful
If he's given you the sack
'Cos if your kisses won't hold the man you love
Then your tears won't bring him back


Now, listen
If sweet sugar kissin' isn't gonna make him come home
Tell me, how do ya hope to keep him to ya
With tears instead of song

Just be a normal fella
Come on, say "What the hell-a"
Get his clothes and help him to pack
'Cos if your kisses won't hold the man you love
Then your tears won't bring him back

Love is like home cooking: good, and wholesome
But all men need some mutton on the outside now and then
If you find your boy is cheating,
Do the same, old dear
He's only giving you the chance that you've been waiting for for years
My goodness! Tears won't get you anything
Just a shiny red nose
Go on, paint up, powder up, put on your swellest clothes
Men: go and get 'em by the score
Neglected girls shouldn't worry
That's what God made sailors for!

Don't cry for him or chase him
Just go out and replace him
With some good looking Tom, Dick or Jack
'Cos if your kisses won't hold the man you love
Then your tears won't bring him back

If your kisses won't hold
The man you love
Then your tears won't bring him back!

Ius contestatio

Meu esporte favorito nos últimos tempos é duvidar.

Duvidei das minhas crenças, dos meus ideais, dos meu princípios.
Nesses eu não mexi.

Duvidei das minhas conclusões, das minhas posições sobre certos assuntos, de certos modelos prontos.
Esses eu mudei alguns.

E duvidei dos meus sentimentos, das minhas escolhas, do que eu devo fazer.
E ainda não cheguei à resultado algum.

Agora venho questionar esse blog. Exatamente, mais uma Metablogagem.
Por que eu criei esse blog? Ele ainda serve à seus princípios? Hoje, qual o sentido de mantê-lo?
Criei ele nas férias, em um momento do mais absoluto otimismo. A idéia era usá-lo como instrumento e meio que como uma desculpa, pra estudar Direito e filosofia. Eu colocaria aqui o resultado dos meus estudos nessas áreas. Bom, não deu certo. Sou preguiçoso demais pra isso.
Tem um outro motivo, que na época era meio obscuro e eu não reconhecia bem, mas que hoje vejo que foi um motivador sim.

Hoje, pra quê tenho esse blog? Tudo o que eu digo aqui é bem classificável como "guarde pra você" ou "Fale logo". É tanta coisa que é irrelevante, que não faz sentido dizer, como esse próprio post, e que são totalmente desnecessárias. Outras vezes escrevo aqui querendo dizer algo pra alguém. Pura covardia, eu deveria simplesmente chegar e falar. Perdão, não entendo muito desabafos.

Mas agora eu já gosto desse lugar. Já gosto de escrever aqui, não dá pra andar pra trás. Então pelo menos vou tentar pensar em uma razão de ser pra isso aqui. Quando eu descobrir, conto pra vocês.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Esferas

Não aprendi o que é carinho. Não fui acostumado a dá-lo, consequentemente, nem a recebê-lo. Não é que eu não goste. Ou que não saiba ofereçê-lo. Apenas... não tenho o menor timing. hehehe.

Pensando um pouco na questão de como sou desacostumado à isso, me vêm à cabeça que um momento muito marcante do meu último relacionamento foi quando ela segurou meu queixo e me beijou o rosto. Só isso. De tudo por que passamos o que eu mais lembro é desse dia, sob as árvores ao lado do ICC. Às vezes sinto uma saudade forte daquela época.

Este post é inspirado em uma conversa que tive com um amigo (magrinho, coitado. Só 3% de gordura! Não pode nem jogar tênis!) sobre "esferas" individuais. É tipo assim, cada pessoa impõe limites entre si e os outros. Algumas pessoas são mais abertas ao contato que outras, normal. Pra mim só é difícil saber até onde ir. E na dúvida eu não vou à lugar algum.

Eu tento ocupar o espaço que as pessoas me dão, mas como estávamos discutindo, é preciso invadir a esfera do outro de vez em quando, porque dificilmente ele se abrirá de forma espontânea, porém é preciso saber os limites dessa invasão. É preciso se aproximar das pessoas com certa ousadia, mas sem que ela se sinta violada. É complicado. Complexo demais pra mim, achar a medida das coisas.

Me sinto fadado a uma eterna contemplação.