terça-feira, 26 de maio de 2009

Meu QI é 143

"_ O que ilumina a noite?
_ A poesia."



O desenvolvimento intelectual segue uma escala regular de crescente abstração do conhecimento.
Esse é o ponto básico da minha idéia de o que é inteligência.

O mais baixo nível nessa escala de capacidade intelectual é ocupado pelos animais, que nada mais fazem que reagir a estímulos externos e interagir com o mundo sensível. Depois viriam seres humanos mais primitivos, que constroem seu saber com a mera observação das relações de causa e efeito (estando na verdade cometendo muitas vezes uma falácia) e não raro completem suas lacunas com explicações mágicas. E assim vai, sempre em direção a um conhecimento cada vez mais abstrato.Basicamente, isso significa que eu não acho uma pessoa inteligente só porque ela sabe um monte de coisas. Porque lembra de um monte de palavras difíceis e fatos inúteis.

Ao meu ver, inteligente é alguém que sabe ver o que não é evidente. E a maioria das coisas belas vem assim, disfarçadas de amenidades. As coisas mais importantes da vida são justamente aquelas que não se vê e não se entende, então inteligente de verdade é a pessoa que sabe reconhecer aquilo que é dito sem palavras, mensagens que pressupõem uma gravidade e uma maturidade além do que a maioria tem. Pra ser esperto mesmo, tem que saber interpretar muito mais sentimentos que dados. Variáveis complexas é o caramba, difícil é achar a poesia escondida no dia-a-dia!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Omnia mutantur, nihil interit

Em um dos capítulos de Sandman, ao encontrar-se com a Morte, um personagem diz algo como: "Sempre achei que morrer era algo que acontecia de uma vez, subitamente. Mas agora entendo que a morte é como se um ladrão entrasse todos os dias na sua casa e levasse alguma coisa embora. Até que um dia não tem mais nada".

E realmente, é assim que o tempo mata tudo. Ou é como as coisas morrem no tempo. Elas vão se desfazendo, o que era concreto vira pó e as verdades perdem o sentido. As certezas se esvaem e no fim a única que resta é que absolutamente tudo está sujeito à fórmula de Ovídio: Tudo muda, mas nada perece.

Nada perece, porque apesar de tudo eventualmente mudar em sua natureza, o todo permanece constante. Fechando bem o foco, percebo que eu mesmo mudei tanto em apenas três anos, que mal poderia dizer que sou o mesmo. Mas sou. Os medos mais escondidos, as falhas mais profundas, os princípios gravados no fundo da minha existência, continuam iguais, mesmo que a superestrutura tenha mudado.

Isso, em uma vida, é permanente. O que não muda a grande verdade que, afinal, tudo muda.

domingo, 17 de maio de 2009

Humildes orgulhosos

Orgulho é o que move o mundo. Assim como todos os sete pecados capitais, ele é necessário em certa dose. É preciso ter orgulho de si mesmo pra se fazer respeitado. Nada mais charmoso em alguém que uma pitada de arrogância. Até porque uma pessoa exageradamente subserviente, parece incutir nos outros um pouco de desprezo, ou melhor, um tanto de desrespeito. Orgulho é necessário, pra que o ser humano possa olhar nos olhos de outro sabendo que encara um igual.

*Frase do dia: "Quando enferrujar, não poderá cortar novamente. Quando perder o controle, rasgará meu corpo em pedaços. Sim, o orgulho se parece com uma lâmina."

Humildade por outro lado é até mais importante. Sem a humildade de reconhecer que muitas vezes você é fraco e incapaz, é impossível se tornar melhor. O progresso contínuo, única chave que eu acredito existir pra ser uma pessoa melhor, só pode ser alcançado quando você abaixa a cabeça e reconhece que foi leviano, inconsequente e procura não cometer os mesmos erros. É preciso aceitar os próprios erros.

*Frase do dia²: "“Foi o orgulho que transformou anjos em demônios mas é a humildade que faz homens serem como anjos”. – Santo Agostinho

terça-feira, 12 de maio de 2009

Paradoxos te fazem parecer cult

A receita pra uma frase de MSN super cool/descolada, ou um "Quem sou eu" supimpa pra uma rede social genérica é escrever um paradoxo qualquer. Por algum motivo, paradoxos atraem as pessoas. Eles tem um efeito muito interessante de deixá-las desconsertadas, atônitas com a própria incapacidade de entendê-los. De qualquer forma, toda sentença paradoxal tem o efeito de mexer fundo na cabeça de quem lê.

Paradoxos são falhas na linguagem que induzem a contradições lógicas. Ou seja, verdades de pé sobre as próprias cabeças. Acho que eles nos fascinam tanto porque vivemos mergulhados em paradoxos. Somos homens que não entendem o que é virilidade, mulheres que não sabem o que uma mulher deve fazer, sentimos e pensamos sem conseguir definir sentimento e pensamento e, meu preferido, somos seres morais em um mundo onde a moral e princípio resistem a conhecer conteúdo.

Afinal, os paradoxos que refletem os distúrbios dentro de todo mundo acabam virando estampa de quão legal você é, um jeito de parecer inteligente, já que ninguém será capaz de entender essa frasezinha contraditória que te define. É como aquela história da roupa do rei, que só os inteligentes podem ver. Só que mais legal, porque todo mundo vive seus próprios paradoxos. Então vai por mim, cola que é sucesso.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Abstrato é o que não é concreto

Já passei muito tempo tentando encontrar a verdadeira natureza das coisas mais abstratas. Eu queria entender qual era a boa moral, o que é a verdade, o que são dor, angústia, felicidade, amor...
Mas acabei ficando cada vez mais cético. Se em 2500 anos de filosofia ninguém conseguiu uma resposta pra essas coisas, quem sou eu pra conseguir? Minha incredulidade cresceu tanto que tudo perdeu o conteúdo.


Mas agora acho que entendi melhor. Essas idéias não existem de verdade, nós é que as construímos. O que não significa que elas não tenham sentido depois de prontas. Apenas quer dizer que cada um inventa o amor que lhe apraz, cada um acredita na verdade que lhe satisfaz.

Por fim, vou copiar uma da melhores opiniões que eu já li sobre o amor. Melhor que qualquer filósofo que eu tenha visto, foi Neil Gaiman que escreveu as palavras mais contundentes sobre esse sentimento:

"Você já amou? É horrível, não? Você fica tão vulnerável. O amor abre o seu peito e abre o seu coração e isso significa que qualquer um pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura inteira, durante anos, para que nada possa lhe causar mal. Aí uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outro idiota, entra em sua vida. Você dá a essa pessoa um pedaço seu, e ela nem pediu. Um dia, ela faz alguma coisa besta como beijar você ou sorrir, e de repente sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele entra em você. Devora tudo que é seu e lhe deixa chorando na escuridão. E então uma simples frase como 'talvez devêssemos ser apenas amigos' se transforma em estilhaços de vidro rasgando seu coração. Isso dói. Não só na sua imaginação ou mente. É uma dor na alma, uma dor no corpo, é uma verdadeira dor-que-entra-em-você-e-o-destroça-por-dentro. Nada deveria ser assim, principalmente o amor.

Odeio o amor"