segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A revolução não será no sofá

Não tem jeito, não consigo acreditar em "twittaços". Na verdade, eu acho difícil, e até um pouco ingênuo, ter fé no poder emancipador das mídias socias que algumas pessoas têm. Dá a impressão de que se no passado se falava em Guevara, Martín e Bolívar, os libertadores do novo século se chamam Twitter e Facebook.

Exageros à parte, não dá pra negar a importância das redes sociais nas revoluções, na corrosão do autoritarismo, mas não dá pra esquecer também que elas são ferramentas de mobilização. A informação pura não liberta os povos. A verdade, por si só, não vos libertará. Se, por exemplo, o facebook teve grande importância nas convulsões recentes em países muçulmanos, o que forjou a revolução, de verdade, foi o povo na rua. Apesar da importância do ciberespaço, o lugar das revoluções ainda é a rua. Facebook no Egito, blogs no Irã, twitter na Líbia - a palavra livre é fundamental para a democracia, mas ela ganha corpo é na luta física, real, nos choques contra o Estado autoritário.

Por isso não acredito em twittaços. Se me permito recuar em sua defesa é que eles cumprem parte do papel de uma manifestação real: publicizar a insatisfação. Eles ao menos servem pra deixar claro pros governantes que as pessoas não estão felizes com a situação. E pra que as pessoas saibam que não estão sozinhas nas suas demandas. É um passo além do tradicional resmungar em volta das garrafas de café e bebedouros de escritório. Mas protestar é algo mais que isso. Quando o povo vai às ruas, não é só uma demonstração de reprovação, mas também um aviso para aqueles que governam, lembrando-os que eles governam como representantes do povo, esse sim a verdadeira fonte do poder público.

Explodir em hashtags furiosas pelo twitter é sim um bom meio de espalhar o debate, mobilizar as pessoas, mas sem que haja uma disposição de fazer valer a soberania popular, de nada vão adiantar as ferramentas tecnológicas disponíveis. Que dirá o Sr. José Sarney, orgulhoso presidente do Senado.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Viver é uma necessidade

Não estava pensando em fazer promessas de ano-novo. Não acredito nelas porque tenho a impressão de que as pessoas as fazem só pra esquecê-las antes da páscoa. E também porque no fundo eu sei que não preciso prometer. O que eu tenho que fazer e mudar está bem claro, e quase um dever. Sempre me orgulhei de ser consciente dos meus erros e falhas, mas ano passado percebi que talvez eu não esteja assim tão a par da minha fraqueza.

Então, se for preciso escolher uma resolução de ano-novo, eu escolho esta: serei mais humilde, mais sincero com minhas limitações e farei o possível para ser o mais próximo que eu puder do que acredito ser uma pessoa "boa". Vou mesmo correr atrás e tentar aderir a uma vida livre de remorsos e segundas intenções.