Não tem jeito, não consigo acreditar em "twittaços". Na verdade, eu acho difícil, e até um pouco ingênuo, ter fé no poder emancipador das mídias socias que algumas pessoas têm. Dá a impressão de que se no passado se falava em Guevara, Martín e Bolívar, os libertadores do novo século se chamam Twitter e Facebook.
Exageros à parte, não dá pra negar a importância das redes sociais nas revoluções, na corrosão do autoritarismo, mas não dá pra esquecer também que elas são ferramentas de mobilização. A informação pura não liberta os povos. A verdade, por si só, não vos libertará. Se, por exemplo, o facebook teve grande importância nas convulsões recentes em países muçulmanos, o que forjou a revolução, de verdade, foi o povo na rua. Apesar da importância do ciberespaço, o lugar das revoluções ainda é a rua. Facebook no Egito, blogs no Irã, twitter na Líbia - a palavra livre é fundamental para a democracia, mas ela ganha corpo é na luta física, real, nos choques contra o Estado autoritário.
Por isso não acredito em twittaços. Se me permito recuar em sua defesa é que eles cumprem parte do papel de uma manifestação real: publicizar a insatisfação. Eles ao menos servem pra deixar claro pros governantes que as pessoas não estão felizes com a situação. E pra que as pessoas saibam que não estão sozinhas nas suas demandas. É um passo além do tradicional resmungar em volta das garrafas de café e bebedouros de escritório. Mas protestar é algo mais que isso. Quando o povo vai às ruas, não é só uma demonstração de reprovação, mas também um aviso para aqueles que governam, lembrando-os que eles governam como representantes do povo, esse sim a verdadeira fonte do poder público.
Explodir em hashtags furiosas pelo twitter é sim um bom meio de espalhar o debate, mobilizar as pessoas, mas sem que haja uma disposição de fazer valer a soberania popular, de nada vão adiantar as ferramentas tecnológicas disponíveis. Que dirá o Sr. José Sarney, orgulhoso presidente do Senado.
Exageros à parte, não dá pra negar a importância das redes sociais nas revoluções, na corrosão do autoritarismo, mas não dá pra esquecer também que elas são ferramentas de mobilização. A informação pura não liberta os povos. A verdade, por si só, não vos libertará. Se, por exemplo, o facebook teve grande importância nas convulsões recentes em países muçulmanos, o que forjou a revolução, de verdade, foi o povo na rua. Apesar da importância do ciberespaço, o lugar das revoluções ainda é a rua. Facebook no Egito, blogs no Irã, twitter na Líbia - a palavra livre é fundamental para a democracia, mas ela ganha corpo é na luta física, real, nos choques contra o Estado autoritário.
Por isso não acredito em twittaços. Se me permito recuar em sua defesa é que eles cumprem parte do papel de uma manifestação real: publicizar a insatisfação. Eles ao menos servem pra deixar claro pros governantes que as pessoas não estão felizes com a situação. E pra que as pessoas saibam que não estão sozinhas nas suas demandas. É um passo além do tradicional resmungar em volta das garrafas de café e bebedouros de escritório. Mas protestar é algo mais que isso. Quando o povo vai às ruas, não é só uma demonstração de reprovação, mas também um aviso para aqueles que governam, lembrando-os que eles governam como representantes do povo, esse sim a verdadeira fonte do poder público.
Explodir em hashtags furiosas pelo twitter é sim um bom meio de espalhar o debate, mobilizar as pessoas, mas sem que haja uma disposição de fazer valer a soberania popular, de nada vão adiantar as ferramentas tecnológicas disponíveis. Que dirá o Sr. José Sarney, orgulhoso presidente do Senado.
7 comentários:
John, não sei se é porque eu nunca entro aqui, mas não esperava um texto tão lúcido e que vai direto ao ponto como esse!! Você me surpreendeu fera, parabéns!!!uiahuaihiuahiahia
Não mas falando sério, acho que vc falou bem, tudo que puder ajudar na disseminação da informação melhor. Mas ditaduras e regimes que vem se consolidando há décadas não cairão pela informação de que estão ultrapassados, mas pela ação daqueles que possuem a valiosa informação do quão ultrapassados são esses regimes!!!!!! Abraço
Estou de acordo. Na UnB, e em outras universidades de grande porte, vivemos o mesmo problema. As pessoas falam, falam, lançam 500 bravatas no Facebook, no Twitter, mas, muitas vezes, têm preguiça de ir às urnas (o mínimo!!!) fazer valer seus 140 caracteres. Como vc sinaliza, não se consegue a mudança apenas do sofá. É um pontio de partida, mas quem irá para as ruas fazer um barulho mais forte e perceptível, incomodar um pouco mais e, especialmente, definir o limite da tolerância do Estado no exercício de seu monopólio da violência e, claro, o limite da civilidade e do civismo dos manifestantes. É na rua que o discurso deixa de ser discurso e vira prática.
Mas, se há um avanço na mobilização de rede além de ser um ponto de partida dos movimentos populares, é o de ser um canal mais fácil e democrático, receptivo para aqueles que teriam medo de falar em público e que podem expressar-se com tranquilidade na frente da máquina.
O twittaço tem seu fim em si mesmo. É como uma CPI. Não se poder esperar dele algo que não é de sua competência. Ao que ele se propõe, é eficaz.
Muito bom o texto. No primeiro parágrafo eu achei que você ia apenas extrapolar a sua opinião e não lembrar que mídia social ainda é "mídia".
Acho que você vai concordar comigo, de que parte da agonia de "ter nascido na época errada" (como ja conversamos antes) é exatamente a de ouvir músicas sem opinião expressa (moda Restart manoow e Bonde da Stronda \o/) e ver universidades inteiras sem autonomia política.
Durante a ditadura nós conseguimos ver os tempos de ouro da nossa cultura "contemporânea". Pessoas com ideais para defender, mas defender de VERDADE! Escrever no twitter #fora_sarney e esperar que o mesmo saia porque estão TWITTANDO é muito comodismo (exemplo OLD, eu sei).
Tenho saudade do comitê revolucionário Ultra Jovem, ao menos eles reivindicavam algo =P.
Adeus
Só os novos adolescentes achando que vão mudar o mundo. Simples assim.
E pessoalmente não me recordo de UMA revolução que foi feita pelo povo, povo mesmo.
Quem é o povo?
EU!
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