Os ombros arqueados daquele velho monge aparentavam curvar-se sob o peso do mundo. As décadas de contemplação e reflexão marcavam-lhe a face. O velho tinha por costume caminhar durante longas horas pelas trilhas que apenas ele conhecia. E foi durante uma dessas caminhadas que o monge se deparou com uma cena curiosa: Um jovem exercitava-se com vigor, lutando contra incontáveis inimigos imaginários. Ao ver a aproximação do velho, o lutador para e, ofegante, o cumprimenta. "Olá, meu rapaz, por que está treinando tanto assim?", respondeu o velho. "Eu treino pra me tornar o homem mais forte do mundo. Eu vor ser grande, serei lembrado eternamente, as pessoas me respeitarão em todos os lugares e serei muito rico!". - São os sonhos de um orgulhoso. Imagens vazias criadas por um coração embriagado pelo ego. - Foi o que pensou o monge, que seguiu, então, seu caminho.
Quando quase tinha esquecido do garoto orgulhoso que encontrara, cruzou com um outro jovem que caminhava capisbaixo no sentido contrário. "Por que tanta tristeza, filho?" perguntou o ancião. "Nada demais... apenas estou um pouco desesperançoso com tudo." o menino respondeu. Inquirido pelo monge, o jovem continuou: "Não há no que acreditar, não existe amor. Vivemos uma existência vazia, em um mundo torpe e injusto." Tamanha falta de fé entristeceu profundamente o velho, que com seu sábio julgamento ponderou: "Quão infeliz é esse garoto! Sua tristeza é fruto de um coração fraco e pessimista. Tivesse ele um pouco mais de ousadia e coragem, seria mais feliz." e foi-se embora.
Mais tarde o monge para para descansar e, pesadamente, senta-se ao lado de uma fonte e dobra-se para beber um pouco de água. Neste instante ele vê seu próprio reflexo na água e além dele vê o a imagem dos dois jovens, que conversavam em um local mais acima na montanha. De onde estava o monge pôde ouvir o que diziam: "Não sei se há amor em algum lugar. Não me importo com isso. Eu vou construir o meu com minhas próprias mãos. É por isso que eu luto, para ser forte e fazer de tudo por quem eu gostar. Se eu pensasse em mim mesmo, estaria fazendo algo bem mais divertido. Música por exemplo." - Comentou aquele rapaz orgulhoso. "Bah, acho que não existe, e que não dá pra criar. Mas eu gostaria que não fosse assim. Eu queria acreditar em sentimentos puros, em risos de mera alegria. Eu queria muito acreditar na felicidade. Mas olhe o mundo. Sozinho você não pode fazer nada, mas acho que é preciso tentar. Enfim, não resta muito a fazer, vou correr atrás da felicidade, mesmo que o mundo não me deixe acreditar nela. E vou morrer assim." - e assim disse o estranho garoto melancólico.
Olhando o fundo dos próprios olhos, o monge sentiu-se envergonhado com o equívoco de seu juízo. As palavras daqueles garotos pareceram jogar uma luz sobre o pensamento simplório do velho. Ele percebeu serenamente que estava errado. O garoto que ele chamou de egoísta, na verdade era mais altruísta que qualquer pessoa que ele já havia encontrado, pois ele abandonou a própria vontade, a própria satisfação para se tornar melhor e fazer algo de melhor para outra pessoa. E o outro garoto, que parecia tão fraco e covarde, era extremamente firme e corajoso, pois ele tivera coragem de algo que o próprio monge não tivera: Ele enfrenta o mundo, mesmo com a consciência da improbabilidade de ser feliz. Ele desafia esse universo caótico, em busca de um significado e mantém o desejo oculto de descobrir a Verdade em meio à todos as mentiras.
Ou talvez o monge tenha visto coisas que não existiam. É possível, já que outra revelação que lhe veio foi da pequenez e do despreparo de seu próprio julgamento. Vai saber.
Quando quase tinha esquecido do garoto orgulhoso que encontrara, cruzou com um outro jovem que caminhava capisbaixo no sentido contrário. "Por que tanta tristeza, filho?" perguntou o ancião. "Nada demais... apenas estou um pouco desesperançoso com tudo." o menino respondeu. Inquirido pelo monge, o jovem continuou: "Não há no que acreditar, não existe amor. Vivemos uma existência vazia, em um mundo torpe e injusto." Tamanha falta de fé entristeceu profundamente o velho, que com seu sábio julgamento ponderou: "Quão infeliz é esse garoto! Sua tristeza é fruto de um coração fraco e pessimista. Tivesse ele um pouco mais de ousadia e coragem, seria mais feliz." e foi-se embora.
Mais tarde o monge para para descansar e, pesadamente, senta-se ao lado de uma fonte e dobra-se para beber um pouco de água. Neste instante ele vê seu próprio reflexo na água e além dele vê o a imagem dos dois jovens, que conversavam em um local mais acima na montanha. De onde estava o monge pôde ouvir o que diziam: "Não sei se há amor em algum lugar. Não me importo com isso. Eu vou construir o meu com minhas próprias mãos. É por isso que eu luto, para ser forte e fazer de tudo por quem eu gostar. Se eu pensasse em mim mesmo, estaria fazendo algo bem mais divertido. Música por exemplo." - Comentou aquele rapaz orgulhoso. "Bah, acho que não existe, e que não dá pra criar. Mas eu gostaria que não fosse assim. Eu queria acreditar em sentimentos puros, em risos de mera alegria. Eu queria muito acreditar na felicidade. Mas olhe o mundo. Sozinho você não pode fazer nada, mas acho que é preciso tentar. Enfim, não resta muito a fazer, vou correr atrás da felicidade, mesmo que o mundo não me deixe acreditar nela. E vou morrer assim." - e assim disse o estranho garoto melancólico.
Olhando o fundo dos próprios olhos, o monge sentiu-se envergonhado com o equívoco de seu juízo. As palavras daqueles garotos pareceram jogar uma luz sobre o pensamento simplório do velho. Ele percebeu serenamente que estava errado. O garoto que ele chamou de egoísta, na verdade era mais altruísta que qualquer pessoa que ele já havia encontrado, pois ele abandonou a própria vontade, a própria satisfação para se tornar melhor e fazer algo de melhor para outra pessoa. E o outro garoto, que parecia tão fraco e covarde, era extremamente firme e corajoso, pois ele tivera coragem de algo que o próprio monge não tivera: Ele enfrenta o mundo, mesmo com a consciência da improbabilidade de ser feliz. Ele desafia esse universo caótico, em busca de um significado e mantém o desejo oculto de descobrir a Verdade em meio à todos as mentiras.
Ou talvez o monge tenha visto coisas que não existiam. É possível, já que outra revelação que lhe veio foi da pequenez e do despreparo de seu próprio julgamento. Vai saber.
5 comentários:
eu sou o depressivo, ou é mera coincidência?
Nossa, me vi no garoto orgulhoso. Principalmente na parte que ele diz que se fosse apenas por ele, viveria, por exemplo, de música. Mas na verdade o que ele busca é um felicidade específica: Não é algo que o torne feliz, mas algo que torne quem ele ama feliz. E, pra mim, as duas formas acabam chegando no mesmo lugar. A felicidade de quem eu amo é a minha. Mas para isso é preciso lutar pela felicidade de quem se ama sem anular sua própria vontade de ser feliz. A felicidade do outro não pode jamais ser a sua tristeza, e isso deve ser claro em nossas vidas.
ai eu gostei do menino arrogante, pura indentificação pessoal mesmo. eu fiquei foi impressionada do monge ficar com pré-conceitos, sou que os anos de meditação não valeram de nada. enfim eu gostei do texto e espero um dia ser o jovem arrogante :)
ps: o caminho que SÓ o monge conhecia tava cheio ein? :P
Por isso é a história truncada, comecei fazendo uma história, depois mudei. Daí ficaram esses erros =P
Hmn! Quantos comentários sábios! Eu gostei do velho no título. Me identifiquei. Foi até onde eu li também. Então...
parabéns. Agora você é o mais novo agente secreto brnasileiro. Ops. Agora todo mundo sabe. Spy note numero três. Descrição. Hahaha!
Depois me ensina truques da espionage, meu caro. Bom te ver essa semana! =*
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