terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um conto de fé e angústia.

Olhei a lua cheia no céu escuro. Ela estava só, linda e prateada em um céu sem estrelas. Eu só tinha olhos pra ela, cada instante eu dedicava a admirar seu brilho. Mas do meu lado alguém precisava de atenção. Como pode essa linda garota estar aqui ao meu lado, esperando uma palavra bonita, e eu só conseguir olhar para a luz distante de um sonho? Talvez seja um excesso de fé, um sentimento cego de crença em uma ilusão? Ela me diz algo, eu só concordo, mesmo sem entender e continuo pensando.

O que é fé? É acreditar muito em algo sem ter certeza. Mas eu posso ter certeza de alguma coisa? Não consigo mais acreditar em nada! Me esforço pra ser fiel a sentimentos bonitinhos, a morais sólidas e a visões bem definidas. Mas agora pra mim tudo parece questionável. Não consigo definir o mundo, a vida, a verdade, nada. Tudo parece relativo demais. Essa falta de um apoio me gera angústia. É como um gosto amargo na boca, ou uma fome que corrói por dentro.
Ela me abraça e me dá carinho. Acha que eu posso amá-la. Mas como, se eu nem sei o que é amor? A brisa fria da noite me alegra. E continuo agarrado a um fiapo de fé, tentando acreditar em algo que valha a pena. Mas olho o mundo lá embaixo e sinto medo. Medo de não sentir mais nada, porque sei que no dia em que eu abandonar meu coração, não terei volta.

E dentro do meu peito agora brigam a fé e a angústia. Mas a última é forte. Ela é o vazio, e isso me lembra um filme, em que o vazio tomava forma para engolir um reino inteiro. E sua forma era negra e assutadora. Era a forma de um lobo.

Então, com um beijo a menina me trouxe de volta das divagações. Ah, eu gostaria de poder abraçá-la de volta como ela merece, sentir seu corpo e querer beijá-la, sem pensar sobre o que eu sinto por ela. Queria não ter que pensar tanto em tudo. Antes eu achava que o caso mais grave de angústia era o suicída, que ao duvidar de tudo e ver qualquer sentido se esvair, acaba com a própria vida, que, por lógica, acha desnecessária. Mas agora vejo que o caso mais grave de angústia é perder toda a fé e duvidar, duvidar tanto que nenhuma decisão parece absoluta, que a própria dúvida ocupa o lugar do ser. É quando o questionamento se torna incessante. A angústia máxima, vejo agora, é a angústia do filósofo.

6 comentários:

Nanda disse...

Tocante como sempre...=]

Ei, John, 'cê tá vivo?

Abraço...

Comentador Fiel disse...

Por um momento achei que tinhamos concordado em algo.

só impressão...

Rábula disse...

invisiblehappiness ou filosofandoamarteladas? eis a questão...

Mandy disse...

Gustavo, vc é uma ótima pessoa, que tem uma vida significante...
please, não me assuste! =P
Maravilhoso, John...
saudades de conversar coisas sem sentido com você
bjos

ps: the big bang theory recomeçou!!! como se você não soubesse

Unknown disse...

Ficou bem legal o texto, ainda mais depois da explicação toda que você deu no carro aquele dia ahauha!
=)

Fabi disse...

texto lecaus!
agora sim eu entendi do que se trata.