domingo, 7 de dezembro de 2008

De Spike a Jasão.

Aaaah Férias! Finalmente! Tempo para ler Kant direito e ver as dúzias de animes que eu deixei pra depois. Falando nisso, ao assistir um episódio de Cowboy bebop ontem, acabei lembrando de uma aula de introdução à filosofia, vinda direto do passado.

No tal episódio, um grande cientista arma um esquema para destruir a empresa onde ele trabalhava. A grande sacada é que o plano é programado para se iniciar sozinho em 50 anos. Meia década depois, a empresa pede ajuda dos cowboys do espaço para prender o tal cientista. Conversa vai, conversa vem, os caras da Bebop conseguem encontrar o cientista. Só que ele agora é um velhinho senil e não lembra de mais nada. Tudo termina com os caçadores de recompensa deixando o velho livre, já que não parecia certo responsabilizá-lo pelos feitos do passado.

O que esse episódio me fez pensar foi na discussão sobre a identidade. O que define a constância do ser? Quero dizer, como é possível garantir que ontem, hoje e amanhã eu serei a mesma pessoa?
Isso é particularmente importante para o Direito, pois é necessário criar um parâmetro para definir até que ponto alguém pode ser condenado por ações do passado e, lembrado de minority report, do futuro.

A memória poderia ser um desses critérios. Se tenho a memória dos acontecimentos passados, isso revela a continuidade da minha existência. Porém há falhas aí. A memória em si não é confiável, ela é cheia de buracos e erros. Além disso, se você for paranóico o suficiente, sempre existe a possibilidade de suas memórias serem implantadas.

Outra possibilidade seria indentificar a continuidade do ser com a própria continuidade física. Mas nosso corpo também muda, células nascem e morrem, trocamos nossos átomos. Depois de um tempo, se toda matéria que nos forma houver sido substituída, seremos alguém diferente? É o clássico paradoxo de Argos; se a nau argos tiver todas as suas tábuas substituídas ao longo do tempo, continuará sendo a nau argos?

Não sei ainda como o Direito resolve essa questão, mas particularmente sou seguidor de Heráclito. Essa discussão toda não faz muito sentido porque a permanência é ilusória, tudo muda e a cada instante eu sou uma pessoa nova. Não acredito em uma essencia que vai ficar comigo até a morte, antes prefiro pensar que dizer o que sou só pode pretender uma resoposta exata no presente. E isso ainda é algo bem complica.
Isso aí, sou mesmo fã do Grinch da grécia antiga: tudo flui.

7 comentários:

Rábula disse...

ninguém passa duas vezes pelo mesmo rio.

Comentador Fiel disse...

você sempre muda, mas você nunca controla a mudança.

tudo flui, e você vai sempre no embalo.

Pra mim o grande problema do Direito é que se alguém faz algo errado, a culpa é da sociedade, e não do criminoso. Desse modo, por mais que você o puna, sempre surgirão novos criminosos. Até que a sociedade inteira seja criminosa.

Comentador Fiel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Comentador Fiel disse...

uma frase resume tudo:

Se o mundo morre, a sociedade morre

e

Se a sociedade morre, o mundo sobrevive.

John, O Lobo disse...

Tá louco? Discordo absolutamente em dizer que a sociedade faz o criminoso. Todos somos potencialmente criminosos a sociedade, muito pelo contrário, reprime os instintos agressivos da maioria. Se há muitos criminosos é pq os sistemas de controle social não estão funcionando bem.

Comentador Fiel disse...

e se o sistema de controle social não estão funcionando bem o problema está na sociedade...

me fez gastar um post de graça?

Rábula disse...

sumiu xuxu