domingo, 28 de dezembro de 2008

Dies sextus


E do pó se foi criando um homem. O retrato imperfeito de uma forma universal, o primeiro passo na busca de uma potencialidade.

O sexto dia marcou o fim de um sonho, mas foi o início de uma jornada. Para me afastar do passado eu procurei refugio no conhecimento. Os posts, em um primeiro momento, evitavam trazer de volta sensações dormentes. Escrevi sobre um dos anos mais simbólicos do século XX, sobre uma música que eu gosto e uma tirinha que eu sou fã, e até um que era só um link pra um blog que eu lia.

Com o tempo, eu comecei a usar a filosofia pra não pensar. Irônico, no mínimo. Me concentrei em estudar alguns pensadores e debrucei-me sobre meus próprios pensamentos, onde encontrei nada mais que incertezas. Consciente disso, decidi parar de procurar um sistema que fosse universal. A única coisa que parecia capaz de abarcar toda a complexidade do universo é o subjetivo e duvidoso bom-senso. E assim passei a tentar seguir de acordo com a medida das coisas. Além de ser um dos melhores posts daqui, pra mim. Eu queria assim ser mais complacente, com meninos e meninas. E comigo mesmo. Quando escrevi sobre garotos, falava comigo mesmo.

Eu não sabia bem que papel deveria assumir, e estava atônito com a nova percepção que eu tinha do mundo.As pessoas me pareciam assustadoramente próximas. Ao mesmo tempo uma dorzinha ainda batia lá no fundo; E se tudo fosse diferente? Eu poderia viver encontros bem inesperados. Poderia ter feito nossas horas durarem pra sempre.

Foi um tempo em que tive minha maiores inspirações. Mas acabei me acostumando com a solidão. Percebi que desde o começo, escrevia pra que ela lesse, e quando olhei pra trás vi que quando ela lia todo dia, eu escrevia todo dia, quando ela não lia, eu passava dias sem postar nada. Então parei e decidi que eu não poderia manter as coisas como estavam. Chega de ilusão, chega de esperança, chega de heroísmo. Eu sabia o que tinha que fazer, sabia qual era o meu dever, e finalmente resolvi seguí-lo. Não vou mais mexer nas feridas, melhor deixar sarar.

Como eu havia prometido, parei de falar de dor, de coração, de ilusão. E os posts foram ficando cada vez mais raros. Só apareciam quando eu lia um gibi, ou discutia com alguém. E sempre meio ranzinza. Eu tinha muita coisa pra falar, mas não devia. certas coisas não devem ser ditas. O meu jeito foi escrever um quebra-cabeças em que faltavam pedaços. Onde cada leitor só podia montar a sua parte na figura, e só eu via a imagem toda.

Ah, coração humano que me traía! Vi que era muito difícil, fazer o que eu já havia pedido que fivzessem: tirar da cabeça quem não sai do coração. Qualquer minuto de desatenção e num instante uma música te faz lembrar dela! Lampejos de esperança iam e vinham.

Contudo o dever era inescapável. Eu tinha que agir segundo o dever. Mas era tão difícil!
O imperativo categórico realmente cheira à crueldade.

E a escuridão do terceiro dia se confundiu com a escuridão do próximo e eu esperava a alvorada no sétimo dia.

3 comentários:

Comentador Fiel disse...

Não acredito no Kant.

Faça o que tiver que fazer, não importa o que os outros pensem.

Comentador Fiel disse...

"fique bem claro que as mulheres podem tacar cristais que nós nunca nos ferimos.

elefante serious business."

um dos meus melhores comentários.

Rábula disse...

o certo é o que é certo pra você, ou o que é certo pra alguém que conseguiu te convencer (olha eu voltando pro meu post)