sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Dies Quartus


Na madrugada do dia quarto um lobo amargurado uivou para a lua nascente. Eu passei a achar que a leveza que eu sentia era muito mais torpor que felicidade. Estava tão perdido com o rumo que as coisas tomavam que mal percebia o céu estrelado que se abria à minha frente.

Drummond, Quintana, Bandeira, esses caras foram os companheiros desse dia, em que eu
sonhava em esquecer as pequenas tragédias do momento. A alvorada teimava em não chegar e eu só queria que aquele dia terminasse de uma vez. Mas eu fui pensando, e pensando, e pensando, tanto que acredito ter chegado a muitas conclusões importantes. Esse dia de dolorosa sonolência tambem foi um dia de importantes lições. Contudo, havia uma lição que eu não havia aprendido, e que embora já conheça, ainda não consigo seguir fielmente. Eu me enganava. Eu escrevia pensando em alguém, mesmo jurando que apenas reproduzia o que aprendi. Bobagem. Quando eu desprezei passado e futuro, não havia entendido completamente a ilusão do tempo, nem entendi. Vejo claramente que eu só estava justificando o que eu havia dito a alguém. O que era pra ser uma lição de desprendimento acabou sendo mais um argumento fútil de um debate que estava perdido desde o começo.

Ah, como eu sentia saudades dos
velhos tempos. A vida era mais fácil, sem preocupações. Mas não dá mais pra voltar, tive que seguir em frente. Desse dia em diante eu escolhi a impassividade, não queria mais lutar, pra não machucar mais ninguém. E assim eu fiz durante um tempo. Eu acredito em uma ordem extremamente precisa do universo e ser o mais racional possível parecia a coisa certa na época.

Quando eu revia todo o
caminho que havia feito, sentia uma vontade enorme de terminar de uma vez essa jornada maluca. Porque eu não chego logo ao último ato dessa caça-ao-tesouro? Falta tão pouco pra ser feliz! Mas ainda é cedo, seria insensato se o "viveram felizes para sempre" aparecesse agora. Sabia que era egoísmo se eu pedisse um final feliz só pra mim, se eu fizesse alguém chorar pra que minha vontade fosse feita, e principalmente se eu abandonasse sobre alguém um peso que era meu. Eu ainda provei muito de esperança e ousadia.

Tudo que me acontecia parecia um roteiro de filme bobo escrito pelo destino, uma sina inescapável que me perseguia. Porém, eu não aceitaria um destino já decidido. Naquele dia eu vi que deveria abandonar minha vontade, só não sabia o significado disso. Tudo o que esse coração antiquado queria era ser estupidamente feliz.

Et factum est vespere et mane, dies quartus.

4 comentários:

Comentador Fiel disse...

não sei, esse post ainda parece você tentando justificar o injustificável. ninguém precisa sofrer para ser feliz.

Natália disse...

Eu acho que o sofrimento é necessário para crescer.

"Tudo o que esse coração antiquado queria era ser estupidamente feliz."

Acho que eu sou um tanto antiquada tb.

Nossa, tentei postar três vezes e sempre saía errado.

John, O Lobo disse...

Concordo champz, todo sofrimento é contingente.

Não me vejo justificando, estou apenas revendo. Meu interesse aqui é ver a história do blog, o passado que o alimentou não significa nada em si.

Fabi disse...

só sei de uma coisa: vc se acha por saber latim. Reverteris ad locum tuum. Briiiinks Johnnie boy. oiheoiehoei
Ainda sim um pouco confuso.
=S