segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Dies septimus



No alvorecer de um dia marcado pela escuridão, enfim descansei.

As incertezas se multiplicavam. Mas elas vinham agora de um enorme vazio, que embora fosse um tanto doloroso, se abria em infinitas possibilidades. O problema é que essas possibilidades me deixavam completamente perdido.

Nesse dia eu pensei novamente sobre qual era a natureza correta a se seguir, quis saber se era certo transformar a vida em um jogo, até imaginei como seria o futuro. Esse tempo de questionamento me fez desenvolver um interesse forte em epistemologia e uma descrença notável nos dogmas.

Dirigia à noite ouvindo coldplay, enquanto eu sonhava com uma felicidade que parecia estar a um braço de distância. Eu queria correr o perigo de viver! Como um exercício de frieza e objetividade, dissequei o amor e criei a minha teoria científica desse sentimento meloso. Foi uma brincadeira divertida! A idéia era reencenar as briguinhas entre Einstein e Bohr. Eu era Bohr, porque einstein era pop.

Contudo, eu ainda sentia, lá no fundo, que por incontáveis horas eu apenas desviava minha atenção do que realmente sentia. Me perdia em pensamentos pra não lembrar que tinha abandonado muito do que eu acreditava. Não consegui olhar pra quem me procurava, e tive medo de olhar pra quem eu queria. Quando será que eu iria enfim gostar de alguém só pelo que ela é? Pensar nisso me fazia imaginar se agente gosta mesmo de alguém por seu ser, ou se procuramos aquilo que ela representa. Sentimentos são confusos. Afeto e raiva parecem se confundir, ou eu os faço similares. Não sei bem, porque não sou familiarizado com a raiva.

O sétimo dia foi um dia de abrir a janela da carro e sentir o vento forte. Assim, descansar a mente, esperar um pouco pra mais tarde abrir os olhos e descobrir um mundo admirávelmente novo!

E ainda descanso.

7 comentários:

John, O Lobo disse...

Este é o ducentésimo post desse blog.

Rábula disse...

Ninguém ama o ser meu caro. Até por que o ser, ontologicamente falando, não existe. O ser é obrigatoriamente vinculado ao que ele representa.

Você não vai amar uma mulher que mora em lixão, fala tudo completamente errado, tem o calcanhar rachado e cheira cola. Não por preconceito, mas por que isso não iria condizer com a sua realidade - material, cultural, espiritual.

Se você fosse um mano do gueto que ouvisse rap, falasse milhões de gírias e fumasse maconha, não seríamos bons amigos. Provavelmente não nos conheceríamos, e se nos conhecêssemos desejaríamos, mutuamente, a morte do outro.

O homem é um ser cultural.

Não há como fazer uma análise apenas ontológica. É uma dinâmica tessitura.

John, O Lobo disse...

"Até por que o ser, ontologicamente falando, não existe."

Pode me explicar isso? Não entendi bem, me soou como "Juridicamente, o Direito não existe".

Comentador Fiel disse...

ainda acho o cenário 1 mais provável. Ano que começa depois de amanhã é o ano em que você vai conhecer a sua futura esposa. Tome nota.

ps: nem sou pop hihihi

Rábula disse...

O ser não existe - APENAS - ontologicamente falando. Não há como escoriar o ser de tal forma que se consiga uma análise totalmente, e tão somente, ontológica.

Sakô mano?

Rábula disse...

o ser não existe da forma como é buscado pela ontologia

Rábula disse...

ou seja, o ser não existe, ontologicamente falando.