terça-feira, 1 de julho de 2008

Conto de um coração gelado


Senhoras e senhores, nobres e plebeus! Saúdo-vos com a graça do bom Deus, e agradeço vossa paciência. Rogo-vos que relevem a falta de habilidade deste pobre bardo, e aceitem de bom grado as palavras que lhes trago.
Contar-lhes ei a história que não é minha, mas de outro bardo do rei. Por Pyrlig o pobre sujeito respondia. Era magro e franzino e em seu rosto uma máscara sorridente trazia. Bardo e bufão, trovador e palhaço, seu alaúde era celestial e, piadista, não havia quem lhe fugisse ao laço.

Mais que bardo, bufão. assim era o miserável Pyrlig. Fazia cambalhotas e saltava do ar ao chão, arrancava risos incontidos, lágrimas de alegria e fazia de amor donzelas perderem os sentidos.
Era amado por todos, recebia honras e aplausos.

Porém seus próprios sorrisos eram sempre falsos. Assim descobriu a criança, ao ver um dia, no camarim, o choro que vinha dos olhos do bardo, escondido sob a máscara sorridente. "Porque choras bardo?" disse o menino. "Por nada que valha a pena ser dito, pequeno senhor". O garoto porém percebeu, como alguns outros, que todas as melodias, todas as canções, todos os olhares do bardo se concentravam nela. A princesa do castelo. Bela assim não havia, senhora dos sorrisos e dos abraços. Gentil com todos, a cada um reservava um olhar atencioso. Mas o bardo, triste mortal, ousou desejar o amor da princesa. Ousou pedir em seu coração que os olhares da princesa trouxessem algo além de gentileza.

Cada música que o bardo tocava, cada acorde dedilhado, tudo trazia seu amor. Tudo era pensado. Mas ele sabia, no fundo de seu peito, embora negasse, que tê-la era um impossível feito. Podia um homem se apaixonar pelas estrelas e ser feliz? E ao pensar nisso chorava, mas a mascara escondia suas lágrimas e ninguém podia vê-las.

"Terrível dor a vida me reservou" pensava sempre o bardo, cheio de imenso amor. E de assim pensar todo dia, cada vez mais o bardo sofria.
E assim foi, até que um dia, perdida numa noite tão escura e fria, vagava a carruagem da princesa. Uma longa viagem fora perturbada pela neve, que castigara duramente e agora caía leve. As estrada em frente seguia, deserta, tomando um rumo que ninguém sabia.
No interior da carruagem o bardo com sua musica a princesa encantava. Então um estrondo ecoou e o grito dos guardas se ouviu. No meio da estrada, de repente um lobo surgiu. Não um lobo comum, como se vê. Eram um monstro enorme, cria das sombras de feiticeiros, podem crer. A fera aniquilou os indefesos soldados e destroçou a carruagem. Tomando a princesa entre os dentes, estava prestes a matá-la.

Esperai! Amigos, companheiros, acalmai vossos ânimos. As horas passam, e o sol já nasce. Cessem as histórias e os cânticos. Histórias tristes devem ser cantadas ao luar. Voltai quando a Dama Branca se mostrar novamente. Então contar-lhes-ei o triste fim de um coração ardente.

7 comentários:

Comentador Fiel disse...

uma máscara sorridente é melhor para esconder as lágrimas que a venda que eu uso.

Fabi disse...

eu AMO Muse! e eu preciso ir nesse show! finalmente achei alguem que gosta, ou pelo menos conhece ¬¬' hahaha =D

"Podia um homem se apaixonar pelas estrelas e ser feliz?" não, 4 anos de experiência própria. Cadê o fim??
droga! você leu o "a jornada do escritor" né! hahaha:)

Pequeno Grande Homem disse...

Pode crer =D

Ilana Kenne disse...

É por isso que eu tenho pavor de novela. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Unknown disse...

Gostei do jeito que você escreveu o texto. É simples, mas não parece bobo e ao mesmo tempo te envolve

Diaz disse...

você aprendeu a palavra bardo por esses dias, joe?
hahaha!
brinks com a galera! =p

John, O Lobo disse...

Po, um sinônimo exato pra Bardo é meio difícil de achar!