sábado, 26 de julho de 2008

Que seja infinito

Os dias vêm e vão. A lua brilha e se apaga. O verão aquece e breve o inverno chega. E o trabalho, o esforço? Tudo se esvai e a cada dia torna-se passado. A existência humana é um momento fugaz perante a aparente eternidade do universo, então como sou capaz de dizer "te amo pra sempre"?

A diferença entre eternidade e efemeridade está no tempo de vida de quem observa. Aos nossos olhos, diversos fenômenos são tão momentâneos que sequer merecem atenção. Comparados às montanhas nossa própria existência é apenas um instante. E se vistas pelas estrelas, essas montanhas se erguem e caem em segundos.


Todas as coisas, têm seu fim. E o "pra sempre" é irrealizável. Mas é no momento que nos tornamos conscientes da impermanência do universo que finalmente damos real valor ao que está ao nosso alcance. O Bushido, código de conduta samurai, dita que o guerreiro deve ter sempre em mente a idéia que vai morrer. Ele deve ter a morte como companheira e lembrar que cada dia pode ser seu último. Só assim ele pode trilhar com leveza, sinceridade e afinco o caminho do aperfeiçoamente pessoal. O mesmo vale para nós. Ao percebermos como a vida é fugaz, somos capazes de vivê-la com intensidade. É tendo em mente a perecibilidade do amor que podemos senti-lo completamente. Os versos de Vinícius de Moraes nunca me pareceram tão verdadeiros; Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure.

Não posso portanto dizer que te amo até o fim da minha vida. Sequer posso garantir que te amo o maximo que eu posso. Só poderei dizer qual o maior sentimento que tive, com meu último suspiro. Até lá, estarei sempre sob o risco de sentir algo maior ainda. Mas posso te dar agora tudo que tenho. Posso dizer te amo pra sempre, porque esse é o sentimento máximo que posso ter agora. E porque posso fazer fazer o tempo que ele durar um "pra sempre". Einstein não deu como exemplo de sua teoria da relatividade do tempo a sensação de que quando estamos com alguém de quem gostamos o tempo parece se alterar, ficar menor? Bom, talvez, se meu sentimento for suficiente, eu possa usar essa elasticidade do tempo e esticar tanto os momentos em que estamos juntos, que eles se tornem eternidades.

Mas não vou mais falar de amor, de dor, de ilusão, de coração. Me falta aporte experimental pra isso.

Eu também queria poder chegar numa loja de doces, jogar um monte de moedas no balcão e pedir "Tio, me vê tudo isso de felicidade!"

** A lua cresce e mingua, e abaixo dela, nada muda enquanto tudo muda. Só eu vejo isso?

2 comentários:

John, O Lobo disse...

Escrever às 3h da manhã certamente não é recomendável. Enfim, lembrei que devo dar os créditos desse post a uma amiga, pois a idéia do post (embora um tanto deturpada por motivos de sono) veio de uma conversa que tivemos.

Obrigado a todos pela atenção.

Comentador Fiel disse...

Clap CLap CLap